INTRODUÇÃO
Muitos ainda
vêem o jovem como problema. Por outro lado, a juventude começa a ser entendida
como o instrumento do desenvolvimento, rompendo conceitos, onde o jovem é um
mero objeto de políticas compensatórias.
O final da década
de 90 foi marcado por um extraordinário crescimento da população jovem em nosso
país (classificado pelos demógrafos de “Onda Jovem”), o que do ponto de vista
demográfico justifica uma preocupação especial. Porém, existem outras razões
para que a sociedade como um todo discuta amplamente a respeito de nossos
jovens.
Por
diversos fatores a juventude deve ser vista hoje como uma questão prioritária.
Estamos frente
a uma geração que sabe mais que seus pais, e se faz numa nova fase de
desenvolvimento social altamente influenciada por novas tecnologias.
O Brasil é o quinto país do mundo com maior percentual de jovens em sua população
(segundo o Fundo de População da Organização das Nações Unidas - ONU).
Lamentavelmente,
é nesta faixa etária que se encontra a parte da população brasileira atingida
pelos piores índices de desemprego, de evasão escolar, de falta de formação
profissional, mortes por homicídio, envolvimento com drogas e com a
criminalidade.
De acordo com dados estatísticos, os jovens são metade dos desempregados
no país; o salário dos jovens em média é praticamente a metade do que ganha um
trabalhador adulto (apesar da jornada de trabalho e responsabilidade ser
iguais); mais da metade dos jovens entre 15 e 24 anos se encontram fora da
escola, por não terem condições de ingressar numa faculdade ou por abandonarem
a sala de aula no ensino médio.
Esse é o público para o qual as políticas
públicas específicas devem ser pensadas.
A sociedade, a
família, a escola e as instituições em geral olham a juventude como um problema
e não como uma novidade dentro daquilo que parece estar “em ordem”.
Esse olhar ainda é carregado de mitos e preconceitos.
Necessitamos com certa urgência nos despirmos deste
modo de olhar senão, pouca mudança será possível. É hora de compreender melhor
e sermos capazes de ouvir o que os próprios jovens querem e pensam sobre seu
futuro, só assim poderemos construir um novo referencial de sociedade. Para
isto, a identificação e o reconhecimento do jovem como sujeito participativo do
processo político é necessário.
Se
olharmos a partir dessa realidade social nos sobra razões para pensarmos mais e
agirmos concretamente no intuito de enfrentar esse desafio.
Muito já se
escreveu sobre juventude, principalmente na última década. São estudos que
versam, sobretudo sobre os aspectos sociológicos, psicológicos, pedagógicos e
antropológicos. É um tema que ocupa cada vez mais destaque nas discussões em
boa parte das instituições governamentais e nos movimentos sociais organizados.
Contudo,
não basta apenas pesquisar e debater a respeito das políticas públicas. Faz-se
necessário também abrir um diálogo sobre como será a formação desse jovem
enquanto cidadão de um amanhã que já começa hoje.
O
conteúdo do presente livro não tem a pretensão de ser um estudo aprofundado
sobre o tema. Trata-se tão somente de uma modesta contribuição ao debate,
reunindo o conhecimento teórico, o resumo de estudos realizados e a vivência
prática de mais de vinte anos de trabalhos com grupos sociais e organizações de
juventude.
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