A JUVENTUDE
BRASILEIRA NA ATUALIDADE
“Eu vejo na TV o que eles falam sobre o
jovem não é sério
O jovem no Brasil nunca é levado a sério...
O jovem no Brasil nunca é levado a sério...
...Revolução na sua mente você pode você
faz
Quem sabe mesmo é quem sabe mais...
Quem sabe mesmo é quem sabe mais...
...O que eu consigo ver é só um terço do
problema
É o Sistema que tem que mudar
Não se pode parar de lutar
Senão não muda
A Juventude tem que estar a fim
Tem que se unir...”
É o Sistema que tem que mudar
Não se pode parar de lutar
Senão não muda
A Juventude tem que estar a fim
Tem que se unir...”
(Charlie
Brown Jr)
4.1 – A Juventude
não perdeu sua essência revolucionária
Muito tem se falado sobre a falta de engajamento da
juventude tanto na vida política do país, como junto aos movimentos sociais
organizados. Ao mesmo tempo, sabe-se que na história do país e até mundial, os
jovens protagonizaram os mais significativos movimentos de protesto e
reivindicatórios que acarretaram em grandes viradas nas sociedades, conforme já
destacamos anteriormente.
A juventude sempre foi marcada pelo seu caráter
essencialmente revolucionário e seu instinto de rebeldia declarada. Sendo
assim, em momentos anteriores, parte desta energia e vontade de transformação, foram
canalizadas para os principais movimentos sociais, políticos e culturais que
sacudiram a sociedade.
Os jovens não mudaram e, sim, os tempos mudaram.
Vivemos um momento histórico diferente, resultado de um acumulo substancial de
todas as contradições da modernidade.
A juventude não perdeu sua essência revolucionária e
muito menos seu instinto rebelde, somente as formas de expressar isso tudo
sofrera notáveis modificações históricas e sociais.
Anteriormente, tratávamos de destacar que a partir de
1992, até os momentos atuais não se viu mais a juventude brasileira nas ruas, à
frente de grandes mobilizações. O que não significa que a juventude abandonou o
interesse em mudar a sociedade, ou então, de reivindicar seus direitos.
Nossa reflexão se fundamenta na realidade em que a
partir do final da década de 90, ocorre a queda do Leste Europeu que veio
acompanhada da quebra de uma série de paradigmas que norteavam a atuação de
muitos movimentos sociais e de esquerda. Aliado a esse fator soma-se a
implementação das políticas neoliberais (em especial nos países do chamado
terceiro mundo e, sobretudo na América Latina), consolidando o pensamento que
ficou conhecido como “consenso de Washington”. Essa nova conjuntura histórica
afetou diretamente a atividade política de grande dimensão, provocando a
redução e até mesmo a perda do poder mobilizador por parte de vários setores
populares antes responsáveis por grandes embates sociais e políticos.
Partindo do pressuposto de que “ser jovem” é uma
construção social, cultural e histórica, reinventada a cada época, nosso grande
desafio, consiste em compreender o que significa ser jovem na sociedade
contemporânea, considerando as nuances do consumo, da cultura de massas, das
leis do mercado, da disseminação da fome e da miséria, dentre outras mazelas do
capitalismo. Precisamos perceber como é difícil para a juventude inserir-se
neste contexto de crises no qual se enquadra o apogeu da modernidade.
4.2 – A
participação política dos jovens
No que tange a participação política do jovem,
podemos afirmar que a juventude brasileira é politizada e sobretudo, propensa à
participação política. Nas organizações estudantis, ONG’s, grupos culturais,
movimentos sociais e partidos políticos, vemos uma importante e em muitas vezes
majoritária participação de jovens. Claro, que não retrata um percentual muito
expressivo da juventude nesses meios, a maior parte (de acordo com pesquisas
realizadas) não participa de organizações sociais. Muitas vezes falta o
incentivo para proporcionar essa participação política dos jovens, sobretudo
num país onde são inúmeros os casos de corrupção na política, levando os
políticos profissionais e os partidos a caírem em descrédito, na avaliação dos
jovens, mas grande parte ainda acredita nas instituições democráticas
existentes, o que é um bom sinal.
Esse quadro de
certa forma contrapõe as impressões da mídia que, deduzem o jovem como
apolítico, acomodado, refém do consumo, apático e etc., Os dados, estudos e análises
acerca do perfil da juventude brasileira, revelam que nossa juventude é
inteirada e discute assuntos de relevância política. Todavia não se apega aos
convencionalismos.
Nossa reflexão vai ao encontro do que pode ser considerada
a chave da questão: o que é participação política para as pessoas que viveram
em outras gerações, principalmente em tempos de repressão? E o que significa
participação política na sociedade contemporânea, democrática, com o advento da
internet e tantos outros instrumentos de interação social? E ainda mais levando
em consideração que a juventude de hoje, não tem uma referência histórica
recente que permita estruturar uma intervenção social e política mais
consequente.
4.3 – Os problemas
enfrentados pela juventude
De modo geral, a juventude enfrenta os mesmos
problemas que os outros extratos da população brasileira. Para tanto, sendo a
juventude um segmento de cunho transversal e natureza multidimensional, existem
algumas questões sociais específicas que, problematizam a condição juvenil.
Atualmente os jovens sofrem com a ineficácia de alguns métodos escolares; com a
violência urbana; com a falta de oportunidades de emprego; com a questão do
tráfico e/ou com o uso indevido de drogas; com a relação conflituosa dentro do
núcleo familiar; com o desconhecimento acerca de sua sexualidade; a gravidez na
adolescência; acesso restrito às universidades; adaptação ao sistema
capitalista de consumo e degradação da vida humana; dentre outros.
Infelizmente, são situações comuns na realidade do
Brasil e dos países “emergentes”. Nesse sentido, destacamos como principal
problema da juventude brasileira, a falta de uma garantia constitucional e de
marcos regulatórios legais que, preconizem uma rede integrada de políticas
públicas e ações específicas, capaz de responderem as demandas dos jovens e,
acima de tudo, direcionarem a atuação dos Governos.
Esta grande
contradição entre a esperança nas novas gerações e a triste realidade urbana
encontrada nas estatísticas, gera a necessidade de que o poder público e a
sociedade civil definam planos e ações direcionadas a proteger, capacitar e
gerar oportunidades aos jovens, de modo a mudar estes números. Este conjunto de
planejamentos e ações dos governos com o apoio da população são as políticas
públicas para a juventude, ou P.P.J.
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