Capítulo 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS


“Os punhos no ar sonho novo,

Nós somos semente do povo,

Queremos ser livres, amar!
Trazemos no peito a esperança,
A história na mão confiança,
Que um dia nós vamos ganhar!
A história ninguém deterá.
É o rio que corre para o mar.
Ninguém vai nos calar...”
            (Extraído da música BAIÃO DO POVO JOVEM
                                                                       Zé Vicente)
  


8.1 – O “x” da questão

            Estamos concretamente diante de um grande desafio.
            A construção das políticas públicas de juventude depende, sobretudo da vontade de quem está à frente do poder público, em todas as suas esferas. Más, depende também da capacidade do jovem, de se organizar, reivindicar e propor ações nesse sentido. Enfim, depende de toda a sociedade, cada um tem sua parcela de responsabilidade.
As organizações juvenis, como grêmios, ONGs, Grupos Culturais e Grupos Comunitários têm apontado como grandes desafios a serem superados:
• a falta de reconhecimento da sociedade (nossos representantes públicos) para com elas;
• a falta de apoio de outros atores da sociedade para o seu desenvolvimento ; e
• além de ser rotulada como eternamente inexperiente.
Para a maior parte dos adultos, é difícil perceber valores nas ações empreendidas pela juventude, perceber as organizações juvenis como parceiras estratégicas na promoção do desenvolvimento.
Temos que começar a investir no potencial do jovem, criar meios de comunicação onde possam trocar experiências e conhecerem realidades distintas existentes nesse meio, e com isso pensarem em mobilização e formação de grupos que visem a implantação de políticas democráticas e inclusivas de/para/com a juventude.      
Faz-se urgente também, proceder com uma reflexão sobre a necessária mudança de atitude dos vários setores públicos em relação ao trato com a juventude, onde além de reconhecer o direito e a capacidade do jovem de participar das decisões.
            É necessário inverter a ordem de prioridades destinando recursos para a formação e qualificação profissional dos jovens, para o incentivo à arte e a cultura, além do estímulo ao lazer organizado, ao invés de gastar enormes somas de dinheiro com festas onde são contratadas atrações musicais que passam imagem negativa e estimula a alienação da juventude e a banalização de comportamentos.
            Enfrentar essa discussão é tocar na ferida da realidade, de uma política viciosa que prioriza o entretenimento de massa como forma de angariar “apoio popular” e obter dividendos eleitorais, evitando tratar das problemáticas sociais de forma mais contundente.
            Quem age assim, esquece que se torna bem mais caro tentar recuperar ou ressocializar um jovem infrator do que investir para que os jovens enxerguem oportunidades e caminhos diferentes dos da marginalização.

8.2 – Investindo no futuro
           
Se, como diz o jargão, o futuro será construído por aqueles que hoje são jovens, cuidar da juventude e nela investir é necessário para que toda e qualquer sociedade tenha um futuro melhor.
São grandes as expectativas sobre essa faixa da população. Primeiro, porque numa sociedade em desenvolvimento como a brasileira há muito, ainda, a ser construído em termos institucionais, políticos, econômicos etc.
A realidade atual exige que o país tenha que investir como nunca em seus jovens.
Diante dos elevados graus de desigualdade e pobreza no país, a garantia de oportunidades para a juventude só poderá ser alcançada se existirem grandes e efetivos investimentos públicos.
Isso significa que, para desenvolver o potencial de grande parte da população jovem brasileira, seria imprescindível poder contar com programas sociais suficientes para garantir aos mais pobres as oportunidades básicas que as famílias de renda média e alta garantem a seus filhos.
Vale lembrar que muitos jovens podem não estar conscientes e motivados para aproveitar as oportunidades disponíveis, o que pode vir a frustrar as expectativas da sociedade sobre eles.
Por essa razão, tão importante como garantir oportunidades é ter muito claro quais valores e princípios andam orientando o comportamento desse grupo.

8.3 – Proteção
Os jovens não são apenas uma grande fonte de investimentos ou uma solução para um futuro melhor. Eles constituem, também, um importante foco de problemas sociais. De um lado, são limitados por heranças trágicas como a pobreza de suas famílias, o grau de desigualdade e a falta de serviços sociais básicos. De outro, tornam-se vítimas de problemas sociais que eles mesmos geram como a gravidez na adolescência, as diferentes formas de violência etc. Por todos esses motivos é preciso reconhecer a necessidade de assistência
e proteção a essa faixa da população.
Muitos jovens estão no mercado de trabalho e até já constituíram nova família, mas a maioria ainda vive com os pais e depende financeiramente deles. Portanto, existe um enorme espaço para a atuação das próprias famílias no que se refere à proteção.
Mas é dever do Estado desenvolver ações com o objetivo de desestimular e prevenir comportamentos que sejam fontes adicionais de problemas para os próprios jovens ou para os outros segmentos da sociedade.

8.4 – Temos muito que fazer
            Diante de tudo que abordamos aqui, fica uma única certeza: temos muito que fazer.
            Espero que de alguma forma possa ter contribuído para a construção desse momento especial que é o de colocar em prática as políticas públicas de juventude.
            Se com essa nossa modesta colaboração ao debate as pessoas se sentirem estimuladas a vivenciarem esse processo, estará atingido o objetivo maior do presente livro.
            Compreender o jovem e o ambiente que o cerca, compreender a necessidade de concretamente fazermos com que a realidade atual possa ser alterada para melhor é o que nos cabe como tarefa primordial e inadiável.



...Aos que acreditam na vida,
Que ainda são capazes de sonhar
Com um mundo melhor.
Aos que carregam a fé e a esperança da vitória,
Aos que lutam incansavelmente por transformações,
Que a cada dia:
Sejamos capazes de sonhar ainda mais,
Sejamos capazes de lutar sem trégua,
Sejamos capazes de defender nossos ideais.

Que inspirados em todos os que deram suas vidas,
Em nome desse mesmo ideal,
Possamos resgatar nossa história,
E dar passos concretos
Rumo à construção de uma sociedade
Justa, igualitária e fraterna,
Onde a Paz, a Liberdade e a Democracia, não sejam
            Apenas “discursos vazios”.

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